Sete competências do administrador hospitalar, por Gonzalo Vecina

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Superintendente corporativo do Hospital Sírio-Libanês lista capacidades exigidas do gestor de saúde; compromisso social é a principal delas.
Cada vez mais, a complexidade da saúde exigirá de seus líderes um conhecimento que vai muito além das habilidades e técnicas ensinadas nos bancos das universidades. A constatação é do
superintendente corporativo do Hospital Sírio-Libanês, Gonzalo Vecina Neto, que apresentou os desafios destes gestores na palestra “Os princípios médicos, econômicos e éticos da administração hospitalar”, realizada na manhã de segunda-feira (4) em São Paulo, em evento organizado pela Philips e pelo jornal Valor Econômico.

Vecina abriu sua apresentação mostrando como a Saúde é complexa e exige, muitas vezes, uma abordagem intersetorial, o que sai da alçada dos mais bem intencionados gestores de saúde. Um dos exemplos são os casos das altas taxas de mortalidade advindos da violência. “Como faz para tratar a violência?”, questionou. “Isso não é só serviço de saúde, é também segurança pública, justiça, assistência social”, completou. Um outro caso que ilustra bem tal complexidade são os acidentes de motociclistas na cidade de São Paulo, a média de mortes é de 1,5 motociclistas por dia.
Esses são os desafios que os gestores enfrentam diariamente, em um ambiente complexo como é o de Saúde. Mas quem é esse gestor? Segundo Vecina, o universo dos administradores não se restringe mais aos profissionais médicos. “Ele (o gestor) pode ser qualquer coisa, desde que esteja preparado”, afirma.
Vecina contou rapidamente a história da administração hospitalar, que começa na década de 40 com a Fundação Getúlio Vargas e enfatizou a importância de estudar as bases tradicionais dos cursos administração
hospitalar como: Sociedade (a ligação da sociedade com a saúde); Ciências da Saúde (Epidemiologia, que hoje passa por uma transição de doenças infecciosas para doenças crônicas); a questão operacional (que deve ser entendida dentro da rotina hospitalar, que é diferente de qualquer indústria) e a administração em
si, que consiste em mobilizar e gerir recursos, entender de pessoas e de logística.
Mas o essencial que o gestor deve ter em mente são os fatores do tempo presente: a busca pela eficiência. “A eficiência hoje é o nome mais importante do jogo, não há mais filantropia, até os anos 80 existia
filantropia com grandes doadores e o último deles foi o Antônio Ermírio de Moraes”, afirmou exemplificando com o Hospital Beneficência Portuguesa. Outros fatores do tempo presente são a crescente demanda da população por serviços de saúde, a tecnologia e a revolução demográfica, onde as pessoas vivem mais e ,por isso, gastam mais no sistema.
“O que o gestor tem que saber é olhar a saúde de forma integrada”, afirmou Vecina, que também
acredita que não adianta só entender do negócio, tem que ter visão ampla da sociedade. “Ele também tem o desafio de criar escala para aumentar a eficiência. Mas é importante não perdemos a ideia principal da saúde: a assistência. Assim, a eficiência tem de estar subordinada à eficácia e a segurança”, explicou.
Competências
Vecina listou as sete competências que o gestor precisa ter para enfrentar a complexidade da Saúde:
-Visão estratégica: para isso, ele precisa saber um pouco de tudo e saber do seu tempo. É preciso ser contemporâneo;
-Habilidades Analíticas: compreendendo o tempo em que se vive se analisa, se decompõe e entender as questões para analisá-las;
-Capacidade de liderar e inspirar pessoas: “Nós (os gestores) não fazemos nada. A área da saúde é composta por 14 profissões diretas e é preciso saber como galvanizar a vontade das pessoas para o futuro;
-Criatividade e Comunicação: Tem que ser criativo, pois em determinados momentos os problemas só serão resolvidos não por revolução, mas disruptivamente: “o que vulgarmente, as pessoas tem chamado de ‘fora da caixa”. Também é preciso saber como comunicar isso;
-Gestão de Pessoas: É cada vez mais difícil, pois elas sabem cada vez mais e quem sabe mais, ouve menos. Engajar é mais que se comprometer, é: “como faço para as pessoas fazerem o que é preciso”;
-Conhecimento técnico da administração: Finanças, epidemiologia, atenção à saúde, tecnologia da informação, conhecer a gestão e as suas microferramentas;
-Compromisso Social: “Todas são importantes, mais o compromisso social talvez seja o mais importante. O lucro não move as organizações, ele é a consequência. Na Saúde, o que move as instituições não deve ser o lucro, mas é o objetivo da melhoria de vida das pessoas”;
“Tudo isso tem de ser traduzido em perenidade, pois esse é o grande desafio”.
Fonte: Saúde Web – 12/11/2013
 

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