Pacientes temem fechamento de Instituto Nefrológico por falta de repasse municipal

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Foto: Lucivan Machado

Mais de 90 pessoas dependem da unidade para realizar tratamento de hemodiálise; Secretaria de Saúde ainda não deu resposta concreta

Pacientes em tratamento de hemodiálise no Instituto Nefrológico de Anápolis denunciaram nesta terça-feira (20) que a Prefeitura não tem feito os repasses necessários para complementar os valores pagos pelo SUS. Mais de 90 pacientes são atendidos no local.

Segundo relatos apresentados em entrevista ao DM Anápolis pela paciente Maria Divina Sousa Silva, que faz hemodiálise há 12 anos, o instituto vem arcando com prejuízos para manter os atendimentos, mas a continuidade do serviço estaria ameaçada. “Se eles não repassarem, nós estamos correndo risco de fechar a clínica”, alertou.

Maria Divina explica que o tratamento é viabilizado com recursos do SUS, mas exige uma contrapartida da administração municipal, que estaria em atraso desde a gestão passada. “O município tem que reajustar essa parte e passar para o instituto. A Secretaria da Saúde já está com os papéis e nós estamos precisando dessa urgência”, reformou.

Além do repasse financeiro, a paciente relatou dificuldades para obter atendimento hospitalar em situações de emergência e destacou a ausência de suporte em transfusões de sangue. “Antes, o banco de sangue ia lá na hemodiálise e nos doava o sangue. Agora, eu tive que pagar R$ 2.300 em duas bolsas de sangue, porque eu estava com anemia profunda. E não consegui uma internação”, contou.

Além de Maria Divina, outros pacientes estiveram na Câmara Municipal nesta terça-feira para pressionar o Executivo. Durante a sessão, João da Luz (Cidadania) usou a tribuna para dizer que irá cobrar oficialmente providências da Prefeitura e para reforçar o apelo para que o município providencie uma área para a construção do hemocentro estadual já anunciada pelo governo. “Existe o anúncio e a propaganda, mas hoje estamos vivendo uma realidade. Até que o hemocentro seja construído, eles precisam ser atendidos”, destacou.

A Secretaria Municipal de Saúde, segundo Maria Divina, teria informado que uma equipe fará visita à clínica nesta semana. “Mas até agora não tem nada concreto”, completou. Enquanto isso, os pacientes continuam mobilizados. “Nós não temos uma associação, mas temos voz. Queremos continuar vivos”, clamou.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Anápolis para obter posicionamento sobre os repasses. Até o fechamento desta edição, não houve retorno.

Ação do MP

Em janeiro deste ano, o Ministério Público de Goiás chegou a recomendar à Prefeitura de Anápolis uma série de medidas para assegurar o atendimento aos pacientes do Instituto Nefrológico. O promotor de Justiça Marcelo de Freitas solicitou que a Secretaria Municipal de Saúde informasse qual hospital estava vinculado ao tratamento de retaguarda dos usuários da unidade e, caso não exista, que uma unidade fosse definida.

O MP também recomendou que o município formalizasse por ato administrativo o fluxo de acesso hospitalar para esses pacientes e tomasse medidas para garantir que as transfusões de sangue ocorram na própria unidade nefrológica. Segundo o órgão, os pacientes enfrentavam à época dificuldades para conseguir internações e acesso a sangue, o que comprometia diretamente a continuidade dos tratamentos.

Fonte: DM Anápolis