O presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), deputado Dr. Bruno Resende, anunciou nesta segunda-feira (26) a criação de um grupo de trabalho para propor soluções imediatas ao governo estadual sobre a oferta e acessibilidade da Terapia Renal Substitutiva (TRS), mais conhecida como hemodiálise. O objetivo principal é eliminar as dificuldades enfrentadas por pacientes renais crônicos em diferentes regiões do estado, especialmente no Sul, onde as deficiências são mais graves.
A decisão foi tomada após audiência pública extraordinária da Comissão, que contou com a participação de representantes da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), especialistas e profissionais da área nefrológica.
Segundo o deputado Bruno Resende, a criação do grupo visa garantir não apenas o tratamento adequado, mas também dignidade e respeito aos pacientes que dependem dessa terapia vital.
“Estamos tratando da terapia renal substitutiva, a famosa hemodiálise. Quando os rins param de funcionar, a máquina tem que fazer esse papel. E o paciente, em geral, só sai da máquina transplantado ou, infelizmente, perdendo a vida. Precisamos levar dignidade a essas pessoas. E não é só garantir o tratamento: é garantir que esse acesso ocorra com respeito à vida dessas pessoas”, declarou o deputado durante a audiência.
Dr. Bruno Resende apontou ainda um grave cenário vivenciado por pacientes que enfrentam longas viagens semanais para realizar o tratamento.
“Não queremos ver gente passando três, quatro, seis horas na estrada, três vezes por semana, para fazer hemodiálise. Não queremos ver crianças sem vaga no Espírito Santo. Crianças que, por perderem o dia inteiro indo e vindo, ficam fora da escola. Precisamos de políticas públicas que deem dignidade no acesso. É isso que esse grupo de trabalho vai buscar”, enfatizou o parlamentar.
Gargalos regionais e soluções práticas
Durante a audiência, a coordenadora da Central Estadual de Regulação da TRS, Gilseia Sossai Silva Forza, detalhou o funcionamento do sistema adotado pela Sesa, o Sistema MV Regulação. Ela destacou a transparência e eficiência do processo de regulação das vagas, embora tenha admitido as limitações regionais.
“É um sistema transparente, auditável, com critérios técnicos claros. A regulação é baseada em protocolo e prioriza os casos com maior necessidade. Nosso esforço é garantir que cada paciente seja atendido na sua própria região de saúde”, explicou Gilseia.
A coordenadora ressaltou que a Região Sul enfrenta a situação mais crítica, operando com capacidade esgotada. A Região Norte também se aproxima do limite operacional, enquanto as regiões Metropolitana e Central estão relativamente mais estabilizadas.
“O sistema permite o monitoramento em tempo real da rede. Isso nos ajuda a acionar prestadores de serviço, mas em algumas regiões a rede está saturada. Precisamos ampliar a oferta, especialmente no Sul”, completou Gilseia.
Agenda propositiva
O grupo de trabalho anunciado reunirá parlamentares, técnicos da Secretaria Estadual de Saúde, profissionais da nefrologia e representantes da sociedade civil organizada. A primeira reunião ocorrerá nos próximos 30 dias, com a expectativa de elaborar um documento técnico e propor medidas concretas à Sesa.
“Queremos apresentar soluções concretas para a Sesa. Nosso papel é fiscalizar, mas também construir juntos. Vamos buscar um Espírito Santo onde nenhum paciente renal precise escolher entre o tratamento e a vida cotidiana”, destacou Bruno Resende.
Participações importantes
A audiência também contou com a presença dos médicos nefrologistas Dr. Lauro Monteiro Vasconcellos Filho e Dr. Sérgio Damião; da gerente de Regulação da Sesa, Luciana Leite; da médica nefrologista do HUCAM e Referência Técnica da Sesa, Dra. Alice Pignaton Nasseri; e do médico Alexandre Moraes, vice-presidente da Associação Brasileira de Clínicas de Doentes Renais (ABCDT) Regional Rio de Janeiro.
As conclusões do grupo deverão resultar em ações práticas que possam rapidamente melhorar o acesso dos pacientes capixabas à hemodiálise, trazendo dignidade e qualidade de vida para milhares de pessoas afetadas diretamente por insuficiência renal no Espírito Santo.
Fonte: Vitória News