Pacientes com doenças crônicas ficam sem remédio de alto custo em SP

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O eculizumab é usado no tratamento de anemia crônica e em transplantados.
Pacientes da rede pública de São Paulo que dependem do medicamento de alto custo eculizumab para o tratamento de doenças crônicas estão sem receber o remédio há meses. Na Unidade Dispensadora Tenente Pena, no Bom Retiro, Centro da capital, não há previsão para o remédio chegar.
O eculizumab é usado no tratamento da hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), um tipo de anemia crônica em que os glóbulos vermelhos vão sendo destruídos.
“Eu tomei a última dose disponível, então, de agora em diante, eu já não tenho mais medicamento. Ele é de altíssimo custo e não existe nas farmácias para vender. Mesmo que eu tivesse muito dinheiro é impossível de comprar”, diz um paciente que tem HPN.
Outros dois pacientes também relatam que já sentem os sintomas por não tomarem o medicamento.
“Eu peguei o remédio pela última vez no dia 25 de abril. Quando falta o remédio os sintomas já começam a vir. Muito cansaço. Dor de cabeça, dores abdominais. Fica difícil fazer as tarefas do dia-a-dia. Desde 2015 começou a ficar bem recorrente essas faltas. Vem em um mês aí no outro mês já não vem mais”, afirma Weigless Camargo.
O engenheiro de produção Renato Muniz teve que pedir licença do trabalho. “O olho começou a ficar amarelo, que um dos sintomas que dá. Com isso vai perdendo força e não tem condição nenhuma de ir ao trabalho nem de continuar a vida normal”.
Pacientes que passaram por transplantes também utilizam o eculizumab no tratamento.
“Eu tenho uma doença autoimune e a primeira coisa que essa síndrome faz é atacar os rins. Eu perdi os rins primitivos, fiz um primeiro transplante. Só que por falta desse medicamento eu perdi esse transplante. Depois de quatro anos fazendo hemodiálise fiz um novo transplante e agora eu dependo desse medicamento para a minha sobrevivência. Eu já estou há dois meses sem. A Secretaria de Saúde não dá nenhuma resposta”, diz Cristina Monteiro.
O que dizem os órgãos responsáveis
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que a compra do remédio eculizumab foi concluída. Disseram que por se tratar de medicamento importado, o processo de aquisição requer o cumprimento de uma série de etapas, incluindo autorizações de importação pela Anvisa e desembaraço alfandegário por parte da receita federal, entre outras. A pasta diz que os pacientes serão comunicados quando o medicamento estiver disponível.
O Ministério da Saúde informou que o medicamento eculizumab é ofertado por meio de ação judicial. Segundo a assessoria, a pasta tem implementado medidas para cumprir, em menor tempo, as decisões judiciais para a oferta do remédio. As informações e dificuldades relacionadas aos processos de compra foram e continuam sendo compartilhadas com o Tribunal de Contas da União e demais órgãos de controle, segundo o ministério.
Fonte: G1 – https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/06/17/pacientes-com-doencas-cronicas-ficam-sem-remedio-de-alto-custo-em-sp.ghtml – 18/06/2019