Jornal Hoje destaca atraso na construção de clínicas de hemodiálise no Maranhão

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O Jornal já havia mostrado o problema no ano passado, em uma reportagem sobre pacientes do interior do Maranhão que viajam mais de 10 horas para conseguir o tratamento em São Luís.
A edição deste sábado (27) do Jornal Hoje destacou o grave problema da falta de clínicas de hemodiálise no interior do Maranhão. A causa para essa realidade é o atraso na construção dos centros de tratamento, que deveriam diminuir a distância entre os pacientes e o tratamento que necessitam.
Atualmente, pacientes do interior do Maranhão tem morrido por conta da desgastante rotina de viagens até São Luís. Na madrugada desta sexta-feira (26) o aposentado Raimundo Borges morreu no Hospital Socorrão 2, em São Luís.
Ele era morador da cidade de Pinheiro e dependia do tratamento de hemodiálise na capital do Maranhão, distante 341 quilômetros de onde ele vivia. Desde 2017 Raimundo falava que estava cansado do sofrimento pra conseguir se tratar.
“Você não descansa nada e no dia seguinte já tem que voltar novamente. É uma maratona mesmo, mas a gente tem que lutar pela vida”, afirmou o aposentado no ano passado.
Durante três anos, Raimundo e outros pacientes faziam uma jornada até uma clínica em São Luís para fazer hemodiálise três vezes por semana. Somando ida e volta, a viagem de Pinheiro até a capital dura até dez horas dentro de uma van. O trajeto inclui um viagem de ferry boat de quase uma hora e meia.
Segundo o nefrologista Alex do Vale, o tratamento de hemodiálise deveria dar mais qualidade de vida para pacientes renais crônicos enquanto aguardam transplante de rim. Mas após as sessões – que duram três horas em uma máquina – os pacientes deveriam manter pelo menos algumas horas de repouso.
“É essencial isso para ter adequação dos níveis de pressão, batimento cardíaco… então o paciente que não tem esse tempo de repouso e já tem uma maratona para viagens de deslocamento longo, ele vai ter uma perda na qualidade do tratamento e uma diminuição da expectativa de vida”, explicou o médico.
Em Pinheiro deveria ter uma clínica de hemodiálise funcionando desde 2015, mas as obras estão a passos lentos, assim como as outras clínicas em outras seis cidades do Maranhão. Em 2014, sete milhões e meio de reais foram liberados para essas obras. Em Chapadinha, localizado a 247 Km de São Luís, as obras não começaram, apesar dos quase dois milhões e meio de reais liberados.
O problema das longas viagens enfrentadas pelos pacientes que precisam fazer hemodiálise no Maranhão foi mostrado pelo Jornal Hoje em junho de 2017, quando foi apresentada a matéria sobre a realidade dos pacientes que viajam mais de 10 horas para fazer hemodiálise em São Luís. Além disso, os pacientes também correm riscos nas viagens. Já foi mostrado que vans trafegam com para-brisa quebrado, pneus carecas e até com problemas na porta.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que realizou convênios com um município do Piauí e com uma empresa privada para atender pacientes e passou a gerenciar centros de hemodiálise no interior do Maranhão. Veja a nota na íntegra.
“A Secretaria de Estado da Saúde (SES) lamenta as mortes e reitera o compromisso com os pacientes do Maranhão, por meio da ampliação da oferta do serviço de hemodiálise. A SES esclarece que, entre 2015 e 2017, realizou convênios com o município de Floriano (Piauí) e empresa privada para atendimento aos pacientes da região de Açailândia, além disso implementou o terceiro turno do setor de hemodiálise do Hospital Carlos Macieira, em São Luís, e passou a gerenciar os centros de hemodiálise de Caxias e Bacabal. Sobre os novos centros, a Secretaria informa que o contrato com a empresa responsável pela obra é anterior à atual gestão, cuja execução do projeto depende, exclusivamente, de material e de mão de obra importados do Rio Grande do Sul. A Secretaria comunica que o atraso das obras se deve, principalmente, à inadequação do serviço realizado pela empresa às regulamentações da Anvisa. A Secretaria comunica que, após nova reunião com a empresa no mês de dezembro de 2017, os novos centros passam por readequação. Por fim, a SES informa que apesar da falta de avanços na descentralização dos serviços de hemodiálise no Maranhão, entre 2012 e 2014, a atual gestão tem adotado todas as medidas legais para garantir a entrega de novas unidades em diferentes regiões do estado, que fortalecerão a rede de atendimento formada, atualmente, por 12 centros localizados na capital e em outras seis cidades do interior do Maranhão”
Fonte: G1 – https://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/jornal-hoje-destaca-atraso-na-construcao-de-clinicas-de-hemodialise-no-maranhao.ghtml – 29/01/2018