Mais de 20 brasileiros perdem a função dos rins diariamente

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Doenças renais graves avançaram 8% ao ano na última década. Total de pacientes em diálise ultrapassou os 100 mil, lançando alerta para prevenção
O envelhecimento da população, o diabetes, a hipertensão e o sobrepeso vêm aumentando o número de pessoas com doenças renais. O total de pacientes que tiveram quase a totalidade da perda das funções dos rins aumenta em 8% a cada ano, gerando uma média de 22 pacientes novos por dia. O Brasil ultrapassou a marca dos 100 mil pacientes em diálise atualmente, ou seja, ligados a uma máquina para sobreviver. A prevenção é fundamental para conter esse avanço. O tema será trabalhado durante a semana do Dia Mundial do Rim, celebrado no dia 13 de março, no Congresso Nacional, por entidades médica, de enfermagem e de pacientes, respectivamente, ABCDT, Soben e Fenapar.

“O sal, o açúcar e as gorduras estão entre os principais responsáveis pela situação atual. É importante o acompanhamento das doenças crônicas, afinal mais da metade das pessoas com doenças renais graves são pacientes que tiveram complicações da diabetes e hipertensão”, afirma Maria Helena Caetano, presidente da Soben (Associação Brasileira de Enfermagem em Nefrologia). Outros fatores de risco são o tabagismo e o sobrepeso. Para ela, a orientação e a educação dos pacientes, assim como profissionais capacitados, são fundamentais para conter o agravamento da doença.
Estima-se que entre 10 milhões e 15 milhões de brasileiros tenham algum grau de comprometimento dos rins. Nos estágios mais avançados, atualmente, existem 100 mil pessoas em hemodiálise (feita três vezes por semana em uma clínica) ou diálise peritoneal (feita em casa diariamente). Outras 40 mil pessoas não têm acesso aos serviços de saúde e devem morrer desassistidos – observados os indicadores internacionais, como o dos países Argentina e Uruguai.
“Será preciso fortalecer a rede existente e ampliar o atendimento regional, superando os entraves logísticos e adequando o financiamento”, afirma Hélio Vida Cassi, presidente da ABCDT (Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante). O Ministério da Saúde lançou em 2013 consultas públicas para uma nova política setorial. Segundo Cassi, no entanto, será preciso construir respostas sustentáveis, que possam ampliar a prevenção, o acesso ao tratamento e o diagnóstico precoce.
Medidas tomadas no dia a dia podem ajudar a combater o aparecimento de doenças renais. São práticas como manter uma dieta saudável, evitando o excesso de sal, carne vermelha e gorduras e fazer exercícios físicos regularmente. Ficar de olho na balança e não fumar também contribui para manter os rins saudáveis.
Na quinta-feira (13), a Soben, ABCDT e Fenapar (Federação Nacional das Associações de Pacientes Renais e Transplantado do Brasil) realizam uma série de eventos em Brasília. “Na pauta, ainda se espera o debate sobre o transporte de pacientes, acesso ao transplante e uma política sobre invalidez e aposentadoria dos doentes renais”, Renato Padilha, presidente da Fenapar. Confira programação abaixo.
PROGRAMAÇÃO PRÉVIA – 13/03/2014
9h – Abertura da exposição sobre tratamentos de diálise – Sala Mario Covas – Senado Federal
9h/17h – Aferição de Pressão Arterial e entrega de material informativo – Hall de entrada da Câmara dos Deputados
14h00 – Atendimento de imprensa e Abertura de seminário Seja Amigo do Seu Rim – Sala Nereu Ramos – Câmara do Deputados
17h00 – Marcha dos pacientes ao Palácio do Planalto
SERVIÇO
FATORES DE RISCO – Os principais fatores de risco para a DRC são a hipertensão arterial, o diabtes melittus, sobrepeso, tabagismo, idade acima de 50 anos, história familiar de doença renal ou de algum tipo de doença renal. Mais de 30% da população adulta tem hipertensão arterial, cerca de 8% tem diabetes, 18% é tabagista e cerca de 50% tem excesso de peso. Do total de pessoas em diálise, mais de 60% são casos que evoluíram da diabetes e hipertensão.
DIAGNÓSTICO PRECOCE – Um dos grandes problemas no Brasil é a detecção tardia da doença renal. Cerca de 70% dos pacientes que entram em diálise descobriram o problema quando os rins já estavam gravemente comprometidos.
GRAVIDADE – Uma pessoa de 30 anos que tenha uma doença renal crônica tem a mesma chance de morrer por um problema cardiovascular que um senhor de 80 anos.
HÁBITOS SAUDÁVEIS – A epidemia de doenças crônicas não transmissíveis tem agravado a situação nacional dos problemas relacionados aos rins. A prática de atitudes saudáveis, como a boa alimentação, e a prevenção são fortes aliados no combate a essas doenças. Medidas tomadas no dia a dia podem ajudar a combater o aparecimento de doenças renais. São práticas como controlar a dieta, evitando o excesso de sal, carne vermelha e gorduras e fazer exercícios físicos regularmente. Ficar de olho na balança e não fumar também contribui para manter os rins saudáveis.
EXAMES – Além do controle da Diabetes e Hipertensão, há exames de rotina que podem anunciar problemas nos rins, como o teste de sangue para creatina e a detectação da presença de proteína ou sangue na urina.
A DOENÇA RENAL CRÔNICA – Esse termo significa a presença de uma perda lenta, progressiva e irreversível da função dos rins. Até que o paciente tenha perdido cerca de 50% do funcionamento dos seus dois rins, ele permanece praticamente sem sintomas. A partir desse ponto, vários sintomas podem ocorrer, como inchaço, pressão alta, anemia, entre outros.
CAUSA- Como causa de DRC, o último censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia apontou com 35,2% para Hipertensão, 27,5% para diabetes, 12,6% para glomerulonefrites, 4,2% para doença renal policística e 20,5% para outros diagnósticos.
TRATAMENTOS (Doença Renal Crônica)
Conservador – são medidas clínicas, como a administração de medicamentos, modificações na dieta e estilo de vida, que podem ser utilizadas para retardar a piora da função renal, reduzir os sintomas e prevenir complicações ligadas à doença renal crônica.
Diálise peritoneal – feita em casa e diariamente, é uma opção de tratamento para os pacientes que sofrem de doença renal crônica avançada. Para a eliminação dos resíduos, o sangue que circula nos vasos sanguíneos do peritôneo (uma membrana da cavidade abdominal) fica em contato com um líquido de diálise. Essa substância é colocada na cavidade abdominal do paciente através de um cateter. Com treinamento do paciente e familiares, permite o tratamento no domicílio das pessoas com doença renal.
Hemodiálise – realizada três vezes por semana em uma clínica, a hemodiálise está indicada para pacientes com insuficiência renal aguda ou crônica graves. Na hemodiálise, o sangue é filtrado por uma máquina e essas substâncias acumuladas no sangue são removidas. A melhor opção de tratamento é uma decisão tomada em conjunto com o paciente e o seu médico nefrologista.
Transplante renal – No transplante renal, um rim saudável de uma pessoa viva ou falecida é doado a um paciente portador de insuficiência renal crônica avançada. Através de uma cirurgia esse rim é implantado no paciente e passa a exercer as funções de filtração e eliminação de líquidos e toxinas.
FINANCIAMENTO – O Sistema Único de Saúde é responsável por 95% dos recursos para o tratamento de doentes renais crônicos. A despesa é de R$ 2,2 bilhões anuais.
 

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